Para os analistas, há alguns motivos para que a empresa tenha uma imagem melhor que as demais.
São Paulo – Atrasos de entrega, custos mais altos, desconfiança dos investidores... foram vários os motivos que fizeram com que a grande maioria das incorporadoras não atingisse as metas estabelecidas para 2011. Entre as poucas que cumpriram o prometido, a PDG se destacou como sendo a queridinha dos analistas do setor – mesmo tendo cometido os mesmos tropeços de gestão e atrasos de entrega que as demais.
Para os analistas, há alguns motivos para que a empresa tenha uma imagem melhor que as demais. Veja, a seguir, alguns deles – e as advertências dos especialistas para que a PDG não repita os erros de suas rivais:
Metas atingidas e retraçadas
Com tantos imprevistos em 2011, bater o guidance (conjunto de metas elaborado pela empresa e divulgado ao mercado) ficou difícil para as incorporadoras. Muitas, como Gafisa, Cyrella e Trisul, tiveram de revisar seus números para baixo no meio do ano.
No caso da PDG, o guidande foi atingido - por pouco, mas foi. A construtora previa que os lançamentos ficassem entre 9 e 10 bilhões de reais no ano passado e, até dezembro de 2011, lançou 9,008 bilhões de reais em imóveis no ano passado – apenas 8 milhões acima do piso da estimativa. Ainda que tenha atingido a meta por um triz, o resultado é 28,6% maior que os 7,005 bilhões de reais lançados em 2010.
“Pode ter sido por um triz, mas a companhia foi uma das poucas a bater o prometido e com isso mostrar que estava preparada para assumir cenários pouco confortáveis”, diz a Planner Corretora.
“Pode ter sido por um triz, mas a companhia foi uma das poucas a bater o prometido e com isso mostrar que estava preparada para assumir cenários pouco confortáveis”, diz a Planner Corretora.
Neste ano, PDG e Ezetec foram as duas únicas de capital aberto a divulgarem metas de vendas também para este ano. O receio das demais é de não poder cumprir o prometido ao longo do ano. “Divulgar guidance para 2012 mostra que a PDG está confiante em atingir os resultados estipulados, mesmo que as concorrentes não queiram assumir esse compromisso”, diz a corretora.
Banco de terrenos
Uma das vantagens da PDG em relação à concorrência, aponta a Planner, é a quantidade de terrenos disponíveis em seu estoque. “Hoje, vendidos a preços altos, os terrenos tem um peso mais significativo no custo do projeto”, diz o corretor. “Leva vantagem quem tem em seu estoque terrenos comprados a preços baixos no passado”.
A PDG seria um desses casos. A companhia teria uma política de manter um banco de terrenos equivalente aos projetos de três a quatro anos e, assim, não precisar negociar terrenos a preços altos para repor o estoque vendido.
“Ela absorveu um bom banco de terrenos das empresas que comprou, com a vantagem deles estarem espalhados pelo país e terem presença forte em São Paulo”, afirma a Planner.
Foco na rentabilidade
De alguns anos para cá, muitas construtoras decidiram entrar no então promissor mercado de imóveis de baixa renda e acabaram não sabendo muito bem conciliar os volumes vendidos com a rentabilidade exigida pelo negócio. “Muitas viram que não era rentável trabalhar com uma escala tão grande de produção para ter uma margem pequena e uma exposição maior a risco”, lembra o analista.
A PDG também esteve entre essas empresas. Mas, atualmente, tem aumentado o ticket médio dos imóveis vendidos, o que mostra uma preocupação maior da empresa com a margem da operação, de acordo com analistas do setor.
“A PDG já vinha fazendo isso desde o ano passado e a previsão é que continue ao longo do ano”, diz a Planner. “Significa que imóveis abaixo de 120.000 reais não estarão foco da companhia para este ano.”
“A PDG já vinha fazendo isso desde o ano passado e a previsão é que continue ao longo do ano”, diz a Planner. “Significa que imóveis abaixo de 120.000 reais não estarão foco da companhia para este ano.”
No acumulado do ano, os imóveis para alta renda da construtora representaram 39% dos lançamentos, à frente dos econômicos (31%), média-alta (13%), comercial (7%), alta renda (6%) e loteamento (3%).
Já em relação às vendas, a PDG somou 7,481 bilhões de reais no ano – uma cifra 14,7% maior que a de 2010. Nesse quesito, a classe econômica respondeu por 36% das vendas contratadas, seguida pela média (35%), média-alta (12%), comercial (8%), alta renda (7%) e loteamentos (2%).
“Acreditamos que por eles terem administradores com cabeça de banco (o BTG tem participação na companhia), também conseguiram evitar estouros de obras tão grandes quanto o dos concorrentes”, diz o corretor. “Tanto que eles, assim como as demais, também tiveram obras atrasadas”.
“Acreditamos que por eles terem administradores com cabeça de banco (o BTG tem participação na companhia), também conseguiram evitar estouros de obras tão grandes quanto o dos concorrentes”, diz o corretor. “Tanto que eles, assim como as demais, também tiveram obras atrasadas”.
Entregas em dia
O cuidado de deixar as contas bem redondas na hora de projetar a execução dos imóveis vendidos deverá ser redobrado este ano. Para a Planner, os custos este ano devem subir um pouco mais e os preços dos imóveis deverão ficar estáveis, o que exigirá um maior controle de custos por parte das construtoras.
“Elas terão menos espaço para elevar o preço de seus imóveis no mercado, já que todos chegaram ao limite do patamar de preços, e o desaquecimento da demanda exigirá um esforço maior de vendas”, diz a corretora Planner. “Quem conseguir manter a margem estável estará bem e acreditamos que a PDG será uma delas”, afirma.
No ano passado, em que as construtoras tiveram de consumir muito caixa para manter o ritmo de obras, muitas acabaram não cumprindo o prazo de entrega. De agosto de 2011 a agosto do ano anterior, as queixas contra as construtoras no Procon de 24 estados brasileiros dobraram, com reclamações que iam de cobranças indevidas a mau atendimento de corretores.
Uma pesquisa nacional feita pelo Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com Cliente, IBRC, no ano passado, mostrava ainda que 37% dos brasileiros que compraram apartamentos nos últimos três anos tiveram problemas com atraso de entrega. Dos que receberam seus bens, 56% tiveram problemas com reparos e 63% com baixa qualidade de apartamentos.
Uma pesquisa nacional feita pelo Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com Cliente, IBRC, no ano passado, mostrava ainda que 37% dos brasileiros que compraram apartamentos nos últimos três anos tiveram problemas com atraso de entrega. Dos que receberam seus bens, 56% tiveram problemas com reparos e 63% com baixa qualidade de apartamentos.
“Atraso de obra e ajustes em imóveis entregues é prejuízo na certa, já que a empresa será punida e isso terá reflexo em sua margem”, afirma a corretora.